será que em outro tempo seria mais fácil?
quando estávamos no começo
no tempo da presença
e dos sentidos
das caronas pra qualquer lugar
de tudo ainda por vir?

dulce

sei bem como começa
esse aperto de casulo
as músicas de sempre
e a cabeça não cabendo no corpo
indo pra longe
não respeitando ordem

dulce

faço planos de dizer as palavras
de perto
mas elas se prendem ao papel
teimam comigo
e ficam engasgadas

dulce

Saia do ritmo
cometa um pequeno deslize
o avesso da folha com suas nervuras a mostra
o inesperado movimento do dia
porque é assim que a vida se mostra

dulce

Ao meio
como o passo do bêbado
resvalado
não acerta a linha
Concentra-se
O outro lado
aponta a porta de emergência
perturba ações corriqueiras
É o lugar do querer
pulsante
inquieto
A vertigem
a metade de mim
a espreita do passo
em falso
Esse vinho...
me desnuda como o diabo


dulce