Depredaram o menino.
Chegou na escola com furo de prego no pé.
Roubaram seu direito a cuidado de mãe,
a curativo que arde,
a uma noite com olho preocupado em cima.
Estragaram sua infância.
Saquearam seus direitos.
Infestaram sua vida com tristeza.
Deixaram com ele um par de tênis furado,
meia de menina que alguém deu
e ele esconde sem graça,
e mais um olhar embaçado.
Que vândalo fez isso?
Em que manchetes aparecerá danificado?
Depredaram um patrimônio:
um bem que vem do pai e da mãe,
mas que pela falta
é público.
Uso palavras emprestadas para dizer quem sou Encontro sempre um modo de parecer quem quero Quando meio Adélia invento um passado e mostro-me mulher madura Noutro dia sendo Clarice encontro mistérios em mim Florbela é o auge da intenção de desnudar-me sangrenta Brinco de inventar com o Rosa Simplifico sentimentos ao parecer Quintana Valso com Chico ao sentir-me mulher Drummond me ajuda a carregar o mundo E vou assim tal qual personagem sem rosto
terça-feira, 18 de junho de 2013
quarta-feira, 12 de junho de 2013
ficava sempre na mesma estante
naquela livraria na Cinelândia
é
a que já foi cinema
e continua vendendo sonhos
histórias arrumadinhas em ordem alfabética
e por assunto
pra que tantos assuntos
meu Deus
se o que eu fui buscar por lá já sei de cor
de coração
já sei
mas volto
ao mesmo lugar
para estar certa de que ainda fica ali
esperando por mim
bem no canto da estante
um dia
quando me cansar das idas
e vindas
trago pra casa
de vez
naquela livraria na Cinelândia
é
a que já foi cinema
e continua vendendo sonhos
histórias arrumadinhas em ordem alfabética
e por assunto
pra que tantos assuntos
meu Deus
se o que eu fui buscar por lá já sei de cor
de coração
já sei
mas volto
ao mesmo lugar
para estar certa de que ainda fica ali
esperando por mim
bem no canto da estante
um dia
quando me cansar das idas
e vindas
trago pra casa
de vez
Assinar:
Postagens (Atom)