terça-feira, 18 de junho de 2013

Depredaram o menino.
Chegou na escola com furo de prego no pé.
Roubaram seu direito a cuidado de mãe,
a curativo que arde,
a uma noite com olho preocupado em cima.
Estragaram sua infância.
Saquearam seus direitos.
Infestaram sua vida com tristeza.
Deixaram com ele um par de tênis furado,
meia de menina que alguém deu
e ele esconde sem graça,
e mais um olhar embaçado.
Que vândalo fez isso?
Em que manchetes aparecerá danificado?
Depredaram um patrimônio:
um bem que vem do pai e da mãe,
mas que pela falta
é público.


quarta-feira, 12 de junho de 2013

ficava sempre na mesma estante
naquela livraria na Cinelândia
é
a que já foi cinema
e continua vendendo sonhos
histórias arrumadinhas em ordem alfabética
e por assunto
pra que tantos assuntos
meu Deus
se o que eu fui buscar por lá já sei de cor
de coração
já sei
mas volto
ao mesmo lugar
para estar certa de que ainda fica ali
esperando por mim
bem no canto da estante
um dia
quando me cansar das idas
e vindas
trago pra casa
de vez