quinta-feira, 24 de maio de 2012

parecia a calçada do poema do Oswald
que apanhá muleque?
o quê?
pernas e cabeças pelo pátio

Dulce Moura
vai ser fácil pisar em falso lá longe
isso mesmo
palavras batidas
ditas muitas vezes
pela boca de todo mundo
nem adianta refinar
no final acaba dando na mesma
não muda nem a ordem
sujeito predicado
com verbo de ação
sem ligação
ou ponto final
bem melhor deixar assim mesmo
com cara de sapo
jeito de sapo
sem sonho de poema romântico
assim a gente também não se obriga a ser princesa
e quem sabe tudo até acabe bem

Dulce Moura

sexta-feira, 11 de maio de 2012

 Para Fernanda e Isabela

todo dia faço tudo igual

desde o primeiro dia

e pra sempre

ideia de eterno

incondicional

começa com elas

a certeza de saber da vida

dividir dias bons

fazer os ruins passarem mais rápido

ver crescer e ir junto

depois de correr tanto

sentar e esperar chegar

rezar pra dar tudo certo

buscar entrelinhas nas conversas

com elas fica melhor sonhar

bem melhor me ver mulher

mãe de mulheres

acho que até tinha medo

muito tempo disse preferir menino

agora não

como me ver senão nelas

como me achar senão por elas

somos três mulheres

e iguais às outras

tropeçamos nos defeitos

rimos com as coincidências

festejamos novidades

nós tantas somos

como outras tantas

nos olhamos no espelho

descobrimos semelhanças

acentuamos diferenças

damos palpites

juramos fidelidade

escondemos alguns detalhes

guardamos nossas lembranças em caixas de papel

e uma entra na caixa da outra sem abri-la

porque naturalmente passa por lá em algum momento

numa imagem

em alguma linha escrita pra ficar

como as de agora

Dulce