sexta-feira, 31 de maio de 2013

tirou os sapatos de salto alto
de pés descalços e unhas vermelhas
pediu que abrisse o vestido
a roupa de baixo não deixava dúvida
se vestiu pra depois do jantar
amor é palavra ilustre
tem sempre seu lugar à mesa
e na cama faz visitas fortuitas

ainda de pé
encostada na parede
acendia e apagava a luz
com as costas nuas
enquanto de frente se entregava
sem hesitar

de meia fina
quase preta
ela entrou em cena
desfilou suas vontades
deu voltas em torno da cama
e saiu aplaudida de pé
aqueles planos guardados na bolsa de sair
parecem fora de moda
brilham demais
e nada discretos
não combinam com o vestido do armário

anda como quem já encontrou a rua
vai direto
não olha pra mais ninguém
desenhou num papel amassado
o mapa
as linhas tortas
e as entrelinhas
o conduzem com precisão
de bêbado