domingo, 29 de janeiro de 2012

gosto de cenas rápidas
as que pegamos quando o olho se distrai
assim
sem querer
ao contrário do esperado pelo caminho
nada incomum
mas do avesso
o de dentro do dia
rotina de alguns
para outros
estranhamento
gosto da surpresa
e de um vidro de carro aberto

Sobre foto de Isabel Moura (...pela janela do carro)

o amor captura
o olhar é instrumento
observa
enquanto distraídos
os outros atuam em cenas comuns
mas o enquadramento pode mostrar diferente
então o susto
e a arte 



Sobre foto de Antunes Alves
deixou a luz acesa
a espera
de quem saiu
prometendo voltar
lá dentro a cama arrumada
flores no jarro
cheiro de amor comprado como incenso
quem passa guarda a imagem
pra virar poema

sobre foto de Antunes Alves

sábado, 28 de janeiro de 2012

de vermelho
não por acaso
andava com ele pela praça
orgulhosa
cuidadosa nos detalhes
como quem guarda o dia inteiro pra noite dar certo
o encontro começou quando escolheu o tecido
pensou nos aviamentos
e na costureira
não era de loja
porque os da loja ficavam sem jeito no sonho da menina
vestido de princesa
nem importava o príncipe ao seu lado
era detalhe
ela sim
e o vestido
que como figurino de época  nos levava pra longe
pra outros tempos
talvez na mesma praça
onde as meninas chegavam pra encantar
 a menina na praça com seu vestido vermelho
era um parênteses no tempo



segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

só pra você teria o que dizer
agora
se chegasse a hora
logo

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Quantas vezes ainda
Romeu e Julieta?
Quando viver
sem dividir a gente
em partes
contas exatas
final previsível?
O susto
é quando os lados esquecem seus lugares
marcados
e atravessam a rua
marcam encontro com a sorte.
Quem dera ficasse na ficção
nos livros de era uma vez
às avessas.

Mas é tão real
que dá medo de ver
e a gente fecha os olhos
espera o fim.

Sai tremendo do cinema
pra tremer na vida
onde se fica por um fio
toda vez que se tenta
juntar as partes.