terça-feira, 27 de setembro de 2011


 Para Mônica
logo que pensei em escrever
pra ela
uma cartela de cores se abriu oferecida
como se mostrasse suas infinitas possibilidades
como ela se mostra pra nós
com seu delicado olhar
e sua leitura dos traços
mesmo daqueles mal feitos por quem pouco se permite
encontro nela o melhor dos contos de fada
o sonho
e então as cores se movimentam
misturam-se com prazer
e muitos pontos desvendam
minuciosamente o que vai dentro
dela
surpreende
confirma a vontade de ir adiante
entra na concha
e sai dela procurando luz
e pede ajuda às metáforas
pois só elas sabem de verdade
do sublime dando graça à vida
logo que pensei a escrever
pra ela
as palavras me perguntaram como sairiam
se aos poucos
como as linhas que se movimentam nas telas
ou aos montes
como quando ela fala
melhor seria pintá-la
colorida
encantada
meio fada
meio bruxa
intuição
lindo desenho saindo da tela
oferecendo seu colo
e suas histórias de mulher









hoje rua cheia
meninos do outro lado
atravessaram a pista
as mães e suas barrigas
e filhos nos carinhos partilhados
bolsas
sacos nas pontas dos dedos
noutro tempo filas nos portões
casa se oferecendo aos passantes
cartão com hora marcada
esperada
agora mãos estendidas pelas janelas dos carros
pouco contato
cumprida a promessa
cautelosamente
pouco risco
só para eles
os meninos de lá
driblando o trânsito
torcendo para o vidro abrir
pela metade
e o saquinho aparecer medroso
quem pensa que não notam?
como sempre a pista
a divisão
os de cá se livram de seus pesos
pagam caprichosos por seus pecados
os de lá sabem do amargo que vale o doce

Dulce














sábado, 24 de setembro de 2011

na rua


o pessoal cumprimenta
vê quando passa
apressada
fios de cabelo cobrindo os olhos
pegando as  moedas
pensando no dia
vai como sempre
contando as estações
fazendo contas de cabeça
programada pra não pegar no sono
em casa deixou a cama por fazer
a louça de ontem
lavou
cuida do que pode
mas não pode tudo
ainda falta
e muito
pra chegar
e descer sem pressa
como quem vai passear perfumada
e seus sonhos possíveis

esculpidos pelas esquinas
tal a propaganda na TV
e ela
linda
sem olheiras
de salto alto e unhas bem feitas
mas ainda falta
falta
muito












se o vento pôs você aqui
no meu coração
como  fez com Neruda
espere
até crescerem raízes
e virar poema também


leio Neruda
entro nos desertos
imagino suas leituras
para os camaradas
admiro o homem
a escrita do homem
abrindo coração
fazendo tratos com a lua
gosto de homem assim
que sonha

celena

sábado, 10 de setembro de 2011


Para o professor Martins
Na busca pelo resultado exato
histórias.
Muitos olhares curiosos
ficaram um tempo com ele
e se foram.
Se deixaram tocar
pelo encantamento
de quem ensina.
Mais ainda
pela curiosodade.
Despertos.
Cutucados.
Nada mais bonito
que o que fica em nós.
Quando de alguma maneira nos encontramos
e é pra sempre,
o olhar
se transforma.
O mundo dos números e das palavras decifrando tudo
ganha outros desenhos.
Tentar um resultado exato:
a busca de sempre.
Mas aprendemos que a graça da vida é a surpresa,
o descuido, como nos ensina o Rosa.
E nela,
na vida dos que lembram
e reconhecem
e admiram
a sua vontade de ensinar,
a ânsia mesmo de marcar com giz
cada um com quem esteve
que ele fica.












sábado, 3 de setembro de 2011

sempre gostei de poesia
vejo em tudo palavras
mudadas
desarrumadas
espessas
também vejo
em vocês
que percebem vida

pelas frestas do cotidiano
poesia
nas mais simples formas
nos mais rebuscados esquemas
vida
poesia
sair da estrada e ver nos cantinhos
o que os outros nem imaginam existir por ali
poesia
atrás de folhas vistosas
ou das mais tímidas raízes
poesia
nos sons exuberantes
no murmúrio do escuro
na umidade
no pássaro guardado pela sombra
sempre gostei de ler essa poesia
com vocês
nas andanças
tranquilas
ou nas íngremes subidas
poesia
de contornos mutantes
como a vida que as palavras tentam traduzir





sexta-feira, 2 de setembro de 2011

de presente uma história
muitos personagens
palavras sempre elas
conhecidas
sotaque de pai
tio

de presente o passado
e a vida real
sonhos sempre eles
conhecidos
sotaque de pai
tio