sábado, 26 de setembro de 2009


Andorinha que vais alta,

Porque não me vens trazer
Qualquer coisa que me falta
E que te não sei dizer?

Fernando Pessoa

sábado, 19 de setembro de 2009

Hoje acordei com fitas no cabelo

e nas mãos anéis de pedras toscas

argolas da cor do ouro

muitas pulseiras

Senti cheiro de erva

invadindo narinas dormentes

Toquei em sedas

com os dedos que não eram mais meus


Sei por outros dela em mim

do seu desejo de sair

do seu medo da prisão

È de sempre a vontade de andar

pelos becos mais alegres

nos encontros de se amar


Se de antes ela vem

parece me preparar

pro dia que eu também

resolver me enfeitar

sair por bandas mais distantes

sem ter explicar

porque mesmo tão sozinha

é por lá que vou ficar


Farei outras alianças

me convertendo a outras crenças

Buscarei passos de outra andança

que por meio dela enfrenta

as cargas mais pesadas

os olhares de mau agouro

o destino dos pequenos

dos que quebram as argolas

desafiam pensamentos


Sina errante de outros cantos

de terras de outro mar

viajou

veio num barco

dentro de outro pra cá

Se é de lá sua origem

seu começo está em mim

em sua saia escondida

sua boca de carmim


Depir-me

Mostrar-me inteira

sem remendos

é a sina que me inspira.


Dulce

na escrita inaugura sessões de descarrego
com ervas cheirosas
velas acesas rascunham a margem
do limo tira a cor dos olhos
e das saias bordadas com linhas da terra
sai o vento
o movimento da vida
os pedidos
as canções marcadas pelo som oco
os pés descalços amassam a úmidade da noite
o rio vê tudo
abençoa o ritual
improvisa o caminho
abrindo passagem
pra ela e suas mandingas de mulher
celena
As palavras assumem sua cara de mulher
quando entre as coxas se moldam
gerando construções inesperadas
sentindo o prazer do início
do gozo
celena
Chagall

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Vou bem lá atrás

no tempo de me ver menina

E é lá que encontro com você

O amigo mais querido

dividindo risadas

escondendo os segredos dos outros

brincando de inventar futuro



Quem disse que os papéis dessa vida são tão certinhos:

a mãe o pai

a irmã a amiga

o vizinho o parente

o professor o colega da sala...

De verdade nada fica no seu lugar o tempo todo

Embaralhamos

Confundimos

Ajeitamos da melhor maneira

pra vida ter mais graça.



Somos amigos:

admiradores

os sem idade

palhaços

sensíveis

artistas

professores

alunos

Tudo ao mesmo tempo...



Alegria não é pra qualquer um

até quando as coisas não vão muito bem lá fora

e o mundo não parece tão acolhedor

é no riso que encontramos a mola

que nos faz pular bem alto

acima das nuvens feinhas

das caras de poucos amigos



Qual de nós dois já sabe de cor a vida

decorou tabuada

sabe o nome dos poetas

domina o computador

entende de carinho

tem amigo que é pra sempre

vê poesia nas imagens

e escreve pra passar o tempo?

Nem mais sabemos

dulce