quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

elas chegam de repente
só muito atenta para fazer sentido
muitas muitas palavras
a mulher fala demais
repete
e mais uma vez me vejo ausente
entrando em outras histórias
mas quando ouvi
entre uma olhada e outra na Tv
logo logo imaginei poema
mais pra guardar o dito
que respeitar a forma
era a história de uma nordestina
pequena e robusta
morena de cabelos escorridos
de olhos grandes e boca marrom
confesso ter ido além nos detalhes
e como não
se ela ficou frente a frente comigo
grudada no meu pensamento
desenhada na minha história de mulher
a tal nordestina mãe de muitos filhos
a que agradecia quando um deles morria logo
isso se ficava doente
sem jeito de melhorar
porque enquanto cuidava só de um
deixava os outros pra lá
enquanto choravam a morte
os outros
a mãe lembrava que eram anjos
e iriam logo pro céu
então sem lágrimas de dor

a mulher aceitava
o ciclo
da vida
das muitas vidas que gerava
e das mortes
das muitas mortes não choradas
resignada cumpria a sina

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