Uso palavras emprestadas para dizer quem sou Encontro sempre um modo de parecer quem quero Quando meio Adélia invento um passado e mostro-me mulher madura Noutro dia sendo Clarice encontro mistérios em mim Florbela é o auge da intenção de desnudar-me sangrenta Brinco de inventar com o Rosa Simplifico sentimentos ao parecer Quintana Valso com Chico ao sentir-me mulher Drummond me ajuda a carregar o mundo E vou assim tal qual personagem sem rosto
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
hoje carnaval
dia de se deixar andar por aí
a cidade abriu-se em muitas
nas cores e formas
nos odores fortes
nos corpos
gingas
nas fantasias
nos desejos guardados de cada um
o Rio
de fevereiro de sol
de carnaval de volta
o Rio dos que ficaram por opção
e de quem nunca pode sair
daqueles de longe encantados
de falas estranhas
e Português de múltiplos acentos
do Aterro com suas cores e gente
da Av Rio Branco com suas cores e gente
outras gentes
muitas gentes
em cada lugar uma batida
escolhas diferentes de se estar no carnaval
Rio desigual
mas que não dói nos dias de folia
até a cidade partida se permite ser assim
com seus espaços aparentementepara todos
de um lado
os meninos dançam livres com suas fantasias reinventadas
criatividade e liberdade
do outro
os meninos dançam ao lado das autoridades e seus carros camuflados
com suas fantasias cuidadosamente escolhidas das histórias de criança
onde o bate bola bordado encontra com as moças pintadas de roupas bem justas
e a chapeuzinho vermelho o lobo mau o porquinho o caçador
fazem pose ao lado dos passantes
os corpos se entendem diz o poeta
e as almas dos cariocas também diz o carnaval do Rio
pena não deixar que se conheçam
as almas
todas as almas de todas as gentes
Dulce Moura
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