segunda-feira, 15 de julho de 2013

entrei pela porta da frente
fazendo o barulho necessário para que você me ouvisse
a louça na pia
alguns copos espalhados pelos lugares por onde você tinha passado
dois só no parapeito da janela
sabia da hora
e do seu costume de dormir depois que chego
mas nada me tirava de lá
nem a fumaça nos olhos
ou a garganta apertada como no grito contido para não acordar vizinho
cheguei guardando os papeis
as marcas dos muitos que lá estavam como eu
enrolei a bandeira e deixei atrás do móvel da sala
você detesta ver bandeira solta por aí
diz que é coisa de anarquista
insisto no revolucionária
mas você cisma
anarquista
tirei a roupa no banheiro
tomei banho rápido
e com uma camisola vermelha
ajeitei meu corpo no seu
pra de verdade fazer a revolução

Dulce Moura

2 comentários:

M Mawkitas disse...

Dulce, esse e o poema do menino depredado foram os que vc escreveu que eu mais bostei e eles falaram à minha sensibilidade de uma forma diferente. Beijo da amiga e parente postiça, Marina.

M Mawkitas disse...

Bostei é foda... rsrsrsrs... to usando um teclado novo desses que são na tela e ainda não peguei o jeito, demoro séculos pra digitarcada comentário, foi mal! Eu GOSTEI, ok? Hehehehehe