acordava com os fogos lá no morro
e gostava
achava tudo bonito
cada lugar no seu tempo
numa ordem de um dia
acerto de fé
imaginava os arranjos
as idas e vindas pra deixar tudo certo
e os muitos desimpedidos de normas
enredados
enfeitiçados pela força do guerreiro
sabia do combinado sem ter recado algum
vinha no ar
no cheiro de pólvora
na cor vermelha do céu
no contorno da mata tingindo a favela toda
como uma composição dramática
o palco no alto
inverte a posição
o povo nas galerias e camarotes
invisíveis e barulhentos arranhando a noite do asfalto
quando o silêncio se intimida maravilhado
se pressente uma outra disposição das coisas
possibilidades várias de compreensão
se desfaz a prévia análise
sem facilitar a próxima
se despe o santo
mas não se cobre outro
ao contrário
todos ficam nus
com as vergonhas à mostra
e a força que faz isso possível
o vencedor das demandas que não gosta de silêncio
com sua a lança
ferro forjado com as mãos
quem nos socorre
desmancha as diferenças
mostra a todos que somos filhos do mesmo pai de luz
é Ogum é Jorge
orixá e santo
energia antes de nome
protetor dos nossos caminhos
salve, então
salve São Jorge guerreiro
Ogunhê, meu pai
Nenhum comentário:
Postar um comentário