quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Para Fernanda e Isabela

A história chega numa dessas conversas de sempre
No meio da tarde, no encosto do sofá.
Voltamos às primeiras mulheres:
as da família.
Até onde vai a memória da herança
com suas vidas paradas no tempo?
Surpreendendo com seus traços em nós:
na expressão do olhar, no contorno do nariz.
Quando não se reconhece na mãe as argolas do cabelo,
as ancas mais salientes ou o gosto pela ciência...
estão todas em nós por sermos eternas.
Talhadas pelos dias e seus encontros sem querer.
Reconhecemos os cenários e seus cheiros,
os sons e uma névoa incoveniente.
O encanto pelos cavaleiros e astronautas
e os pergaminhos via internet.
Algumas marcas escolherão a hora de voltar.
Qual de nós a escolhida pelo gênio audacioso
ou pela doçura guardada no lenço de linho?
Para a sobrevivência, o pacto naturalmente feminino:
o de guardar a história das que não conheciam palavras,
até agora, a hora da descoberta do eterno:
do corpo e da alma,
da ciência e da poesia.
Numa dessas conversas de sempre
quando as filhas chegam e falam dos livros,
das mitocôndrias e mulheres.
Dulce

2 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Letícia Brito disse...

ÊÊÊ mitocôndrias poéticas...você é foda, porque estou sem vocabulário, mas procurarei algo melhor para defini-la...
Ok vc é mitocôndria, ribonucléica, lipossolúvel...
Amei
Beijo Grande