Uso palavras emprestadas para dizer quem sou Encontro sempre um modo de parecer quem quero Quando meio Adélia invento um passado e mostro-me mulher madura Noutro dia sendo Clarice encontro mistérios em mim Florbela é o auge da intenção de desnudar-me sangrenta Brinco de inventar com o Rosa Simplifico sentimentos ao parecer Quintana Valso com Chico ao sentir-me mulher Drummond me ajuda a carregar o mundo E vou assim tal qual personagem sem rosto
sexta-feira, 13 de novembro de 2015
o alecrim cheirava bem
procurou por ele na banca das verduras
nem sempre tinha
e hoje pequenino
novo
se oferecia pra moça
pegou dois e guardou como se fosse coisa preciosa
e era
sabia agora como tirar as folhinhas e fazer virar chá pra banho
melhor remédio pra alma e assim também pro corpo
lava e traz a paz
encaminha pensamento até boas energias
luz
outras vezes a moça já falou dela
dessas idas atrás do cheiro de tudo
quando sobe serra e abre vidro do carro
não é paisagem que procura
é cheiro
das pedras úmidas
das plantas rasteiras cheias de flor na beirinha do barranco
das árvores roçando na nuvem
e até hoje na feira é barraca de erva chamando a moça pra experimentar toque de folha
as cores do verde são de cada uma
o suco
o cheiro no corpo
tudo faz a moça lembrar do poder do mato
de quando prefere caminhar na beira do rio com seu mangue
a passear na calçada lisa beirando a praia
da vó herdou isso
nem sabia
só deixava vir
e lá estava na cozinha fazendo chá de saquinho
muitos
misturava
escolhia dependendo do dia
tomava igual benção
e era
hoje sabe
se a vó benzia com ramo de erva forte
e deixou histórias de passar de boca em boca
a moça sabe vir dela
de lá de outra terra
por ser desse modo que devia ser
moça leu isso de manhã
benzedeiras rezadeiras
força das mulheres
e lembrou
como quem passeia com pé roçando no musgo
voltou no tempo
e sentiu
bem pela casa o cheiro de alecrim
das folhas
e do suco verde
bem verde
esperando por ela
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